segunda-feira, 1 de junho de 2009

Cntrl C & Cntrl V

Muito seguido recebo mensagens encaminhadas por amigos. Todo mundo recebe. Confesso que 90% das mensagens eu nem sequer abro. Os 10% restantes eu abro, mas desses, 7% não chego a ler... ou porque o texto é muito grande ou é um arquivo de Power Point muito pesado e eu não tenho "saco" de esperar baixar. Mas ainda há 3% que são agraciados com a minha leitura ou vice-versa. E nesta lista, que posso chamar de seleta, li um texto que animou minha manhã de uma segunda-feira fria - em uma semana de muito trabalho e decisões, com o coração batendo descompassado... Um início de semana péssimo que tinha tudo para ser ruim.

Mas acho que ao fim dessa leitura consegui olhar pra rua e ver a beleza do inverno em Pelotas, o grande embaixador de Deus raiando no céu...

O texto é simples. Aquelas coisas que todos nós sabemos, mas que é sempre bom serem reafirmadas... Um simples email de uma grande amiga que foi encaminhado pra uma lista de contatos e que não imagino que possa ter sido previsto esse resultado. O texto é da Marta Medeiros. Coisa de guriazinha (como diria meus grandes amigos Betinho e Pipa), mas tem vez que a gente se sente meio fragilizado, meio como uma delas, ou ainda por causa de uma delas...

Blz, era isso, acho que até já falei demais...


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Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.Estamos todos no mesmo barco.Há no ar um certo queixume sem razões muito claras. Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.De onde vem isso?Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia: "Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento".Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite.É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho. As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias.Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores."Nunca conheci quem tivesse levado porrada, todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo".Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta.Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas – fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça.Mas tem...Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores?Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé?Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento. (Martha Medeiros, gaúcha, 44 anos, Jornalista, poeta e gente fina.)