domingo, 25 de abril de 2010

Onde estava Tomé?

Base da mensagem: João 20.19-31
19 Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! 20 E, dizendo isto, lhes mostrou as mãos e o lado. Alegraram-se, portanto, os discípulos ao verem o Senhor. 21 Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. 22 E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. 23 Se de alguns perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; se lhos retiverdes, são retidos.
24 Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. 25 Disseram-lhe, então, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele respondeu: Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o dedo, e não puser a mão no seu lado, de modo algum acreditarei.

26 Passados oito dias, estavam outra vez ali reunidos os seus discípulos, e Tomé, com eles. Estando as portas trancadas, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco! 27 E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. 28 Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! 29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. 30 Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. 31 Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

Bem, essa passagem é bastante conhecida nossa quando falamos de incredulidade, do ver para crer, que Tomé era extremamente racional e que não conseguira crer na ressurreição sem antes ver o Cristo ressurreto. Quando lemos essa passagem somos objetivamente admoestados a crer nas promessas do Senhor, no seu sacrifício vivo e na sua obra redentora, assim como ele já havia anunciado e como já havia sido predito pelos profetas.

Mas a pergunta que me vem à mente quando leio essa mensagem é: Onde estava Tomé quando Jesus apareceu aos discípulos pela primeira vez? O que estava fazendo Tomé naquele momento em que recentemente, há três dias recém Jesus havia morrido? Qual era o sentimento de Tomé naqueles momentos? Com quem Tomé andava?

Bem, vamos lembrar o que acontecera uma pouquinho antes. De acordo com o Evangelho de João, bem cedo do Domingo, o terceiro dia, Maria Madalena foi até o sepulcro e a pedra estava removida. Pensando que o corpo de Jesus havia sido roubado, correu para avisar a Pedro. Pedro e outro discípulo foram até o tumulo e viram definitivamente que Jesus não estava no sepulcro. Foram embora, mas Maria Madalena permaneceu lá. Nestes instantes em que ela permaneceu no local foi que Jesus apareceu para ela. Num primeiro momento pensando que era um jardineiro, mas em seguira reconhecendo a voz do mestre. Maria Madalena foi correndo aos discípulos para contar que Jesus tinha aparecido a ela. Muitos acharam que poderia ser uma visão e tudo mais. Estavam preocupados que o corpo de Jesus tivesse sido roubado até como forma de incriminar os discípulos. Tudo isso aconteceu durante o período da manhã.

Então ao cair da tarde Jesus aparece aos discípulos. Os discípulos se alegraram ao vê-lo e logo ele foi embora. Neste primeiro encontra Tomé não estava. E daí retornamos as nossas perguntas: Onde estava Tomé quando Jesus apareceu aos discípulos pela primeira vez? O que estava fazendo Tomé naquele momento em que recentemente, há três dias recém Jesus havia morrido? Qual era o sentimento de Tomé naqueles momentos? Com quem Tomé andava?

Na verdade creditamos a Tomé a característica incredulidade que era também de todos os demais discípulos, apenas não ficou tão evidenciada. Uma vez que não acreditaram nas mulheres quando elas contaram que haviam visto Jesus. Os próprios discípulos no caminho de Emaús não conheceram Jesus. O que nos mostra que os discípulos eram mesmo pessoas como nós, afoitos, incrédulos, medrosos por muitas vezes...

Mas voltemos a Tomé. Em especial algumas características dele ficam muito evidentes em algumas passagens em que seu nome é envolvido. Como de uma natureza pessimista, imaginando o pior, o que fica evidenciado na leitura de João 11.16, porém, bastante corajoso, espontâneo e que dizia o eu pensava.. “Então, Tomé, chamado Dídimo, disse aos condiscípulos: Vamos também nós para morrermos com ele” – contexto da ida para cura de Lázaro. Ou na passagem de João 14.5 “Disse-lhe Tome: Senhor, não sabemos para onde vais; como então poderemos saber o caminho?” – No contexto do Eu sou o caminho a verdade e a vida. Quem perguntaria alguma coisa que o que questionou já disse que todos sabem a resposta?

Talvez Tomé estivesse chorando sozinho, em função de sua natureza pessimista, imaginar que o pior teria acontecido e que Jesus não ressuscitaria; talvez já estivesse arrumando as suas coisas para voltar à atividade que tinha antes de aceitar ser discípulo; talvez estivesse andando com os antigos amigos, por ter se desiludido com a missão de Deus; Será que ele estava em casa ou vagando pelas ruas?

Hoje
E nós onde andamos quando não estamos reunidos com o corpo de Cristo?
Pela passagem, vemos que existem bênçãos que só recebemos quando estamos reunidos com os irmãos – Jesus se apresentou aos discípulos que estavam reunidos. Podemos dizer que Jesus se apresenta pra nós em comunidade no mínimo duas vezes durante a semana, durante os cultos de nossa comunidade, isso fora os grupos de comunhão, estudos bíblicos e outros grupos da nossa comunidade.

Onde nós estamos quando não estamos reunidos em comunidade para receber a benção que Deus reservou para que recebêssemos quando estaríamos reunidos como corpo de Cristo. Não estou dizendo aqui que nós temos que participara de todos os grupos e programações que existem na comunidade, mas que nós devemos ter uma rotinha de adoração e participação do corpo de Cristo, seu rebanho, sua igreja. A presença nos cultos faz parte da nossa adoração a Deus. Claro que o culto é um lugar onde recebemos, onde aprendemos e onde o Espírito de Deus nos converte. Mas a nossa presença no culto, não é para que a gente se sinta bem. Daí vem aquele comentário: “Quando eu saio da igreja, parece que a gente sai com uma coisa boa assim sobre a gente”. Isso é a mesma coisa que as pessoas que vão tomar passe no Centro Espírita, ou que vão à sessão do descarrego tanto na Umbanda como na Igreja Universal, dizem que sentem. Viemos ao culto como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1), por louvor a Deus pela sua graça e sua misericórdia. O resultado de estarmos aqui é o relacionamento com Deus e o relacionamento que se estabelece – ou que deveria se – com os demais irmãos.

Quando nos propomos a nos relacionamento com Deus aprendemos a cada dia quais são os propósitos Dele pra nossa vida. Com o estudo da sua palavra podemos ter a certeza de que a igreja é sim um grande hospital, com muita gente enferma, precisando de ajuda. Aprendemos que a vida no relacionamento com Deus é uma caminhada que é dada com um passo a cada dia, com graça sobre graça, com dias que estamos lá em cima e de outros que estamos lá em baixo; uma caminhada de altos e baixos; de erros e acertos; de errar, mas de reconhecer que se errou.

Um lugar que a gente cresce com os outros e que a gente faz os outros crescerem também. Quem nunca esteve em um grupo de estudo ou grupo de comunhão, ou até mesmo em um culto em que há um testemunho e vemos que as vezes pessoas que imaginamos inabaláveis passam por problemas semelhantes aos nossos, em alguns casos ainda piores. Pessoas que tem questionamentos sobre os mistérios da vida tão grandes como os nossos, mas que mesmo assim se encontram dispostas a buscar o aprofundamento no relacionamento com Deus, crendo que Deus é fiel pra cumprir com tudo aquilo que ele prometeu. Se não neste mundo, então na eternidade.

É por isso, amados, que existem bênçãos que nós só poderemos alcançar quando estivermos reunidos em comunidade, envolvidos uns com os outros, nos dispondo a sermos suporte uns aos outros. Assim, além de sermos edificados pela palavra, o relacionamento e a “comum + união” com pessoas é o que nos permite perseverarmos no caminho.

Mais uma vez pode estar vindo a nossa cabeça de que: não dá pra participar na igreja, por que na verdade aquele que canta no louvor é uma pessoa que não cumprimenta a gente quando está fora da igreja; ou por que eu nunca recebi uma visita do pastor da comunidade; ou por que o cara aquele que leu os avisos me cobrou um serviço muito mais caro que o “justo”. Ou o cara que fica pregando lá na frente, me deve uma grana há um baita tempo... Não quero ser conivente com nenhum desses exemplos, quero dizer que Deus e que a sua orientação para que vivamos em comunidade é muito maior do que qualquer uma dessas falhas humanas que temos aqui dentro. Talvez essa pessoa que você está lembrando esteja precisando aprender com o seu exemplo, com a sua postura. Em comunidade aprendemos, mas com certeza ensinamos muito também. Precisamos da comunidade para ficarmos firmes no relacionamento com Deus, prontos para a sua volta, ou para quando formos chamados por ele.